1º de MAIO eu
e Crys Fontana fomos ao Hospital Sírio Libanês. Final de tarde. Somente nós e a
cuidadora Patricia. Ficamos felizes. Hospital chique. Quarto grande bonito e lá
estava ele. Sem dor. Lúcido. Conversamos. Relembramos passagens de nossa vida
em teatro. Como foi bom ter ido e relembrado as décadas passadas. Julio César
de Shakespeare. Para testar a sua memória brinquei
- “o Juca de
Oliveira fazia o papel de Brutus?
- (Antunes sorrindo disse) “Marco Antonio. Juca
interpretou Marco Antonio!” “
- “e por
falar em Julio César lembra que você tinha ataque de nervos ao dirigir e se
atirava no chão?”
- Antunes
rindo disse: “era muita loucura!”
Relembramos nossa
militância política em reuniões em seu apartamento. Demos boas risadas. Quanta cumplicidade!
Levei uma
imagem de Nossa Senhora Aparecida.
- “tem água
benta dentro dela”.
- “Emilio se
eu quiser uma imagem eu compro”
- “estou te
dando de presente”
Ele sorriu e
pediu para deixar em um móvel em frente a cama.
-“Posso rezar
por você Antunes?”
- “Reze
Emilio. Mas reze por você.”
Assim o
farei. Rezarei por mim. Meu coração está partido. Antunes querido. Como dói perder um artista como Antunes Filho. Como dói! Antunes se foi. Os DEUSES DO TEATRO permitiram que pudéssemos nos despedir.
Emilio Fontana (02.05.2019)
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