Mesmo com mobilidade reduzidíssima Emilio Fontana saiu de
taxi na zona sul às 22h50 permanecendo no velório até as 3h00. Quando chegamos
encontramos luzes, geradores, repórteres a postos esperando entusiasmados a
classe artística. Quando subimos ao mezanino onde se encontrava o caixão nos
deparamos com aproximadamente 20 pessoas (contando com familiares). A meia
noite este público cai para aproximadamente uma dúzia de pessoas dentre elas:
Emilio Fontana Crys Fontana, Sergio Mamberti, Imara Reis, Rosi Campos, Tuna
Dwek, Janjão, Sartini, José Possi e outros gatos pingados... As luzes se
apagaram as emissoras se foram... 3h00 Ruth ficou sozinha com os funcionários
do teatro que leva o seu nome...
Conversando com funcionários do teatro. Disseram que realmente
não houve público. Quantas pessoas empregadas em centenas de projetos? Quanta luta
pela categoria! Quantos jantares com políticos (Fernando Henrique dentre
outros).
Deprimente.... Não velamos mais nossos queridos.
Emilio Fontana me questionou: “ e no meu velório com será
que vai ser? ”Não vem não” respondi. Já não
chega a batalha por alunos e projetos vou ter que pensar na produção do seu
velório? Com a crise é bem capaz de conseguir alguns figurantes para fazer
volume, pensei. Ou colocar uma câmera no caixão para velório em tempo real, pode
ser uma saída. Mas será que teremos curtidas? Ou carinhas chorando? Sendo assim
seria bem melhor encomendar uma assessoria de imprensa para programar um número
não vexatório de curtidas.
A sociedade contemporânea tem se contentado a trocas de
mensagens em redes sociais. Cadê o afeto, o abraço, o aplauso? “O resto é
silencio...” Alguém foi ao enterro? A QUERIDA RUTH ESCOBAR teve pelo menos no
enterro o “publico” merecido? Velório virtual... Ruth Escobar e sua família não tiveram o público merecido. (Desabafo de Emilio Fontana Crys Fontana)