segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O DIA EM QUE A POESIA ME BOTOU PRA CORRER


O DIA EM QUE A POESIA ME BOTOU PRA CORRER

 Às vezes, ao cismar sozinho á noite, aparecem-me algumas recordações. Lembrei-me que, anos atrás, fomos, eu e meu filho, a convite de um aluno, João, visitar a fazenda de um amigo dele em Goiás. A fazenda do seu Altamiro ficava bem no interior, num pequeno vilarejo chamado Xixá. Certo dia Virgilio, filho dono, nosso anfitrião, teve a idéia de pegarmos a caminhonete para irmos visitar Goiás Velho, a antiga capital do estado, ali perto. Um verdadeiro museu a céu aberto. Ví, envolta em vidro a cruz que o Anhanguera plantou ali ao chegar. Virgilio, em dado momento, teve uma idéia: “vamos visitar Dona Cora Coralina, ela está muito badalada nas rodas literárias, a gente se conhece”. Chegamos a um sobrado bonito, com um longo corredor lateral. Virgílio achegou-se ao portão e chamou: “Dona Cora, sou eu o Virgílio, trouxe uns amigos de São Paulo que querem lhe conhecer!”. Lá uma porta do fundo do corredor, talvez a da cozinha, mostrou uma cabeça de uma senhora muito brava: “Não vou atender ninguém, vão embora, estou muito ocupada, estou fazendo doces!”. Pois foi assim o meu encontro com essa grande figura da literatura contemporânea brasileira.                     (Emilio Fontana 18.01.15)

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