quinta-feira, 12 de março de 2015

HOJE “GATTI e CANI” DESCONSTROEM. Desconstrução Cultural e o Consumo. Se você pergunta o que significa a palavra desconstrução... Ninguém sabe, porém o uso indiscriminado desta palavra nos leva a refletir sobre a apropriação de termos e a leviandade da utilização. Hoje “Gatti e Cani” desconstroem!

O que motivou a escrita deste artigo foi o fato de uma adolescente dizer que havia feito um curso de teatro onde havia aprendido a “desconstruir” cenas. Perguntei sobre termos técnicos, autores e biografia, ela porém, desconhecia toda e qualquer referência dramatúrgica.

Cursei Letras e a Escola de Arte Dramática (EAD-ECAUSP) na década de 80 onde a reflexão sobre o “desconstrutivismo” era uma constante na época. Presenciei uma discussão na Faculdades de Belas Artes sobre o “tal”movimento arquitetônico denominado “Desconstrutivismo”. Discutiam sobre construções alemãs cujas aparências imprevisíveis levavam o observador à reflexão. Este movimento provocava “caos” visual e propunha mudanças profundas na arquitetura pós-moderna.

Em Letras e em Teatro estudei Jacques Derrida sociólogo e discípulo de Heidegger, Roland Barthes  Todo signo só significa na medida em que se opõe a outro signo. Consolidou esta tese em instigante livro “A Morte do Autor”. O americano Hillis Miller dizia que “o texto já está de certa forma desconstruído quando vamos ler. Porque a leitura não deve ser reduzida a idolatria de autores e textos.

Todos esses autores conheciam profundamente o assunto quando se propuseram a desconstruir. Hoje, porém “Gatti e Cani” desconstroem! O consumo desenfreado ilude. O acesso fácil a informação causa uma falsa impressão de cultura. Qual será a conseqüência a médio prazo desta abordagem superficial?

7 Reflexões. 7 perguntas. Resposta? Quem se habilita?

1. A linguagem alicerça/constrói: o indivíduo desde o início de sua existência. Hoje: a conversa eletrônica propõe um exercício diário e constante da violação do vernáculo. Pergunta: a humanidade contemporânea (2015) conseguirá restituir a linguagem perdida?

2. Privacidade / infância/celular: A privacidade é um direito a cada dia mais violado. Hoje: nossas crianças estão expostas para sempre a registros eletrônicos e a exposição inadequada a conteúdos perniciosos. Pergunta: a humanidade conseguirá regatar infância perdida?

3. Tradição e conceitos: Alicerces teóricos estão sendo substituídos por pesquisas superficiais. A fragilidade do excesso de informação proposto pela sociedade de consumo oferece a falsa sensação de “cultura instantânea”. Profissionais de todas as áreas estão sendo formados com forte influência do imediatismo. Pergunta: que tipo de gente o consumo está colocando no mercado?

4. Bens essenciais e bens de consumo: A esbórnia do consumo desenfreado está dando lugar “na marra” para bens essenciais. Pergunta: O que vale mais bens eletrônicos ou água e luz?

5. Ética e valores: Em um colapso das estruturas capitalistas vigentes, onde os valores pessoais e as relações interpessoais perderam o valor na sociedade contemporânea. Onde as redes sociais e os aplicativos falsamente preenchem as necessidades de afeto. Pergunta: A sociedade contemporânea terá subsídios para resgatar estes elos perdidos?

6. Até poucos anos atrás, ano 2000 talvez... tínhamos ainda tempo de contemplação, bate papo, álbum de fotografia impressa no papel, telefone fixo. Poucas contas para pagar, água, luz, telefone. Os rituais eram mantidos para “fortalecimento familiar”: batismo, 1ª comunhão, debutante, formatura, casamento, velório, enterro... Hoje: A sociedade contemporânea não celebra mais nada. Pergunta: Que tipo de gente estamos criando?

7. Outro dia comentava com meu marido Emilio Fontana sobre o futuro. Ele disse que ainda veríamos em futuro breve esta sociedade capitalista ruir... Só não esperava que seria tão breve...Pergunta: que tipo de sociedade estamos formando?

Por Crys Fischer Fontana (Brasil. São Paulo/SP. Março 2015)

segunda-feira, 9 de março de 2015


 

Inezita Barroso 09.03.15 Crys e Emilio Fontana se despedem! Sodade, meu bem sodade! Quanta sodade vosmicê me traz...

Que encantamento pude desfrutar na sua companhia durante a produção do espetáculo teatral “ROMARIA”, o texto era do Miroel Silveira inspirado no conto caipira de seu pai Waldomiro, a trilha sonora original era de Renato Teixeira e as ligações entre as cenas era você que as fazia ao vivo dando brilho ao espetáculo com as canções desse músico genial. Viajamos por 30 cidades... São Carlos, Salto, Ribeirão Preto, Avaré, Bauru, Batatais...enfim com o patrocínio e promoção da Nossa Caixa. E a platéia lotada chorava copiosamente. E como diretor de teatro, como poucos, me orgulho de tê-la no elenco e parte importante daquele sucesso. Nos meus cursos de teatro sempre me refiro a Inezita como exemplo de artista. E por falar no meu curso olha como andamos juntos, lá atrás Zica Bergami, autora de “sua música tema” Lampião de Gás, foi aluna quando estávamos então no TBC. Não é incrível? Felizmente há pouco tempo atrás eu e Crys estivemos em sua platéia e após a gravação do programa fomos abraçá-la no camarim. Não podemos esquecer que durante o trabalho de pesquisa de sua pós graduação em Teatro Educação, Crys contou com sua competente assessoria em folclore, tema de seu método de interpretação em teatro para crianças e adolescentes chamado Fontaninha. O nosso muito obrigado! Que as luzes eternas de seu Lampião de Gás velem o seu sono!  (Emilio Fontana. 09.03.2015)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015


DECLÍNIO E QUEDA DO IMPÉRIO CAPITALISTA
Emilio Fontana - janeiro de 2015
Advertência: este título foi inspirado na obra clássica do historiador inglês do século XVIII Edward Gibbon “The Decline and Fall of the Roman Empire”.

Capítulo 1 Roma e a sociedade contemporânea. Roma no seu auge possuía estradas pavimentas e policiadas que permitiam viagens seguras até o extremo oriente, por exemplo. Água encanada, trânsito disciplinado com sinais, por exemplo, de contramão, sem falar num aparato judiciário tão perfeito que serve de modelo até os dias de hoje, coisa que aliás todo o mundo sabe.Uma capacidade de organização e métodos que permitiu instalar no norte da África uma produção gigantesca de trigo que abastecia o império, tanto que acabou recebendo o apelido de “Celeiro de Roma”, isto falando da vida prática, sem tocar no lado intelectual propriamente dito como, a literatura o teatro e as artes em geral, tudo vivo até hoje. Aí a pergunta: como que uma coisa dessas desaba e desmorona e vira nada, vira o caos?

No meu bairro, agora (assim como em outros lugares) lançamentos de edifícios com 30 andares, quatro suítes, quatro garagens e etc.  1 Milhão e meio de dólares. É um luxo que vivemos e que se espalha por todas as camadas da população. Todo o mundo precisa de que tragam um javali assado carregado por quatro serviçais. Repare reservadas as devidas proporções que este é o desejo de toda uma sociedade contemporânea.

Capítulo 2 Antene-se:  temos mais de um celular por habitante deste país... que a cada semestre o modelo do aparelho fica ultrapassado. Minha mulher é resistente a mudanças repentinas e ouviu há algum tempo nossa empregada: “a senhora tem que jogar esse tijolo fora e comprar um aparelho novo, pelo menos igual ao meu...”                        Quer dizer que você não pode mais ficar sossegado no seu canto, por que alguém já vem: “ você não tem wat’s up?”                                             

Capítulo 3 Observe: a crise na OMC, o problema das barreiras alfandegárias, passo a passo ficam insolúveis. Para dar para um, vai ter que tirar da boca do outro. Quem cresceu, cresceu. Você Brasil vai ter que exportar “comodiies”, é... mas a gente queria..., não não tem o que querer. Bota então um brasileiro na presidência da OMC  “AH.ISSO A GENTE BOTA, MAS FICA TUDO COMO ESTÁ”

Tudo está no limite.

Capítulo 4 Note: a crise energética. Há alguns anos atrás, falava-se que a crise do sistema explodiria em 2050. Eu amadoristicamente fiz a seguinte comparação: a água ferve a 100 graus, ta certo, mas eu pergunto quem poe a mão dentro da panela a 70 gráus? E não deu outra, crise da água, crise na  energia, ou a tal da bandeira vermelha na conta de luz que não me deixa mentir?

Capítulo 5 Vamos brincar de comparar: será que a pressão das hordas bárbaras nas fronteiras do Império, que Gibbon aponta, não tem nada a ver com os rolezinhos em shoppings (templos do Capitalismo) e as invasões em condomínios em Paraisópolis? Os arrastões nos congestionamentos?

Capítulo 6 Aí eu visualizo:Os shoppings apagados, sem luz e invadidos, os invasores aproveitam o material das instalações e fazem pequenas fogueiras para cozinhar algo, lê-se no alto “LO A DAS C ECAS”

A Av. 23 de Maio com horários de comboio de  força policial, nas encostas da avenida, milhares de miseráveis,em turba  descem e atacam aquele que passar com seu carro desprotegido do comboio.

Diálogo no edifício de 30 andares:

“Eu compro seu apartamento no 1º andar, dou minha cobertura em troca...”  ...é que o elevador só funciona 2 vezes ao dia e nos andares superiores moram pessoas de maus hábitos e que não fazem questão de usar as escadas que andam cheias de lixo e só têm iluminação natural.

Uma internet como há temos precisa de energia para funcionar, aí vem o colapso e a única forma que sobrevive é o correio de modo primitivo com algo, quando possível escrito à mão. Sabemos que podemos produzir papel em casa e o carvão para escrita existirá em abundância.

Capítulo 7 Um último olhar: a luta de classes. Ora, as greves estão somente reservadas para o setor do poder público. Patrões e empregados estão abraçados aos beijos e abraços contra um inimigo comum, um verdadeiro monstro do mal, o ambientalista:

-- ele quer que eu feche minha indústria, como faço para pagar o meu Esquilo?

-- será que tenho de perder o meu emprego, e as Casas Bahia...?

Mas é inútil, o Capitalismo está já comendo o próprio rabo: o “Declíne” e logo virá “the Fall” , e o que virá depois? Os economistas responsáveis sabem que a queda vem aí, mas o que vem depois ninguém sabe.

Uma visão pessimista? Quem diria que São Paulo fosse virar sertão...

Mas não esquenta a cabeça isso tudo é para 2050...
Emilio Fontana - janeiro de 2015

SAMPA. As abelhas da vizinha entraram em pânico.


Mas as abelhas minhas vizinhas entraram em pânico e começaram a invadir as casas e se acontecer um choque anafilático? Liguei para o Serviço de Controle da Zoonose fone: 011 3397 8900,” não é conosco” depois de nove números um empurrando para o outro chego ao final, com a promessa do encarregado garantindo que seremos atendidos no prazo de 45 dias...Pessoal estamos avaliando erradamente as coisas, os furacões já estão aí, a invasão do mar já está aí, as temperaturas assustadoras estão aí, o degelo nos pólos é um fato, os ursos brancos estão boiando em blocos de gelo. Ninguém liga. Porém o desastre é iminente enquanto isso pode ir comendo sua coxinha sem nenhuma culpa, porque há assuntos mais graves para serem tratados....fui...Emilio Fontana

Você Pode Comer Coxinhas à Vontade


Você Pode Comer Coxinhas à Vontade 07.01.14
Porque o problema não é esse. A universidade tal descobriu que a obesidade é mundial, que não se pode comer frituras, temos que levar uma vida saudável. Aí eu pergunto você tem certeza que haverá vida no futuro? Daí a conversa de que devemos proteger o planeta, não precisa não, o planeta vai bem obrigado, vai viver mais cinco bilhões de anos, mas a humanidade está a perigo. Ela não está nas mãos de uma coxinha, mas nos projetos devastadores que o consumismo selvagem vem desenvolvendo furiosamente, devorando florestas rios e eco sistemas. Moro ao lado de uma dessas aberrações que está sendo construída ao lado da minha casa: o Monotrilho. É uma obra faraônica, arrancou centenas de árvores de qualquer jeito, fizeram um acordo porco de replantio ridículo, foram postas nas calçadas, em buracos, a maioria já morta. Máquinas gigantes locadas como aquela do Itaquerão, fazem um estrondo espetacular que deve ser o orgulho da “engenheirada”.

“O SILÊNCIO DOS INOCENTES!” Esse silêncio vai te comer vivo!


BLOG EMILIO FONTANA em 03.01.14

“O SILÊNCIO DOS INOCENTES!” Esse silêncio vai te comer vivo!

Agora no dia 31/12/13, estávamos, no Guarujá, eu e minha mulher almoçando,  quando notamos numa mesa ao lado quatro jovens em silêncio total, três deles cada um com seu celular  (Android, Galaxy...) e a quarta pessoa era uma garota inquieta querendo puxar uma conversa. Que nada, os três estavam em outro mundo.Aquele clima de fim de ano, e a menina só, solidão total, não tendo com quem conversar.

Me situo no metrô aqui e ali gente absorvida com seu celular. Dois são da mesma escola, vejo pelo uniforme, cada qual com seu celular em pleno mergulho. Na TV, Sony acaba de lançar um modelo novo com aplicativos e mais aplicativos. Esses fatos parece que despertam nas pessoas um apetite voraz para saborear um novo aparelho à cada estação. Então o seu uso fica mais fascinante e a “pessoa” fica cada vez mais conectado a ele. É o seu amor, o seu desejo, o seu sonho, o seu prazer enfim o seu companheiro. Aí você está absolutamente só e “no ponto” ele vai começar a te devorar, começando a te comer pelas bordas até te engolir por inteiro. E vamos lá! A cada estação novos modelos, mais recursos, mais atrativos, mais charme, mais sedução.

Conversa de dois passageiros no ônibus:

JUVENAL: Quede o Carlinhos, parece que sumiu?

JOFRE: Ouvi dizer que foi acidente, um celular comeu ele...

JUVENAL: Não diga!

JOFRE: É, ultimamente tem havido muitos acidentes desse tipo.

JUVENAL: Bom colega ele...

JOFRE: É...

...fui...Emilio Fontana

O DIA EM QUE A POESIA ME BOTOU PRA CORRER


O DIA EM QUE A POESIA ME BOTOU PRA CORRER

 Às vezes, ao cismar sozinho á noite, aparecem-me algumas recordações. Lembrei-me que, anos atrás, fomos, eu e meu filho, a convite de um aluno, João, visitar a fazenda de um amigo dele em Goiás. A fazenda do seu Altamiro ficava bem no interior, num pequeno vilarejo chamado Xixá. Certo dia Virgilio, filho dono, nosso anfitrião, teve a idéia de pegarmos a caminhonete para irmos visitar Goiás Velho, a antiga capital do estado, ali perto. Um verdadeiro museu a céu aberto. Ví, envolta em vidro a cruz que o Anhanguera plantou ali ao chegar. Virgilio, em dado momento, teve uma idéia: “vamos visitar Dona Cora Coralina, ela está muito badalada nas rodas literárias, a gente se conhece”. Chegamos a um sobrado bonito, com um longo corredor lateral. Virgílio achegou-se ao portão e chamou: “Dona Cora, sou eu o Virgílio, trouxe uns amigos de São Paulo que querem lhe conhecer!”. Lá uma porta do fundo do corredor, talvez a da cozinha, mostrou uma cabeça de uma senhora muito brava: “Não vou atender ninguém, vão embora, estou muito ocupada, estou fazendo doces!”. Pois foi assim o meu encontro com essa grande figura da literatura contemporânea brasileira.                     (Emilio Fontana 18.01.15)